
Se nem o vazio lírico existencial da música foi capaz de criar algum senso para as ARMYs, talvez essa conversa venha a calhar: a festa na web provavelmente não guarnece muita dignidade. Vamos explicar o porquê:
Parte 1. A retórica do paradoxo de Einstein-Podolsky-Rosen aplicado à música: BTS é pop ou kpop?
Tal qual a credibilidade da revista e tabela musical Billboard que só aparece quando conveniente pro debatedor, há muito que se questionar na colocação de um gênero ou hierarquia de grupo no mundo da música. Kpop determina um complexo social de ouvintes de música de um local - Coreia (K) -, livremente aplicado para sintetizar o mercado sonoplástico gigantesco do grão da Ásia.
Em colocações características, kpop é uma repartição do pop, que, afora do uso comum, se refere mais abertamente a uma categorização demográfica que um gênero musical. É pop porque abrange a massa de um território (ou de todos os territórios), formulando a nomenclatura popular.
Isso significa que a música pop é a que aberrantemente está inserida no dia-a-dia do ouvinte médio (termo técnico inicialmente depreciativo, que explana o usuário que não se propõe à causa (a arte musical) num viés técnico ou crítico, mas recreativo). Ou seja: pop abrange a maioria, porque está em todo lugar. É o responsável pela trilha musical das novelas, pelos planos de fundo das propagandas, na sintonia das estações de rádio do grupo trabalhador; que sua mãe já ouviu falar, que seu pai provavelmente conhece, que seus avós talvez saibam - e tudo isso sem a necessidade de uma imposição dos filhos. O parente que o identifica o faz porque está na mídia, não necessariamente porque você o obriga a saber.
Essa é uma grande diferenciação que faz com que Taylor Swift seja pop e BTS, mesmo com todas as mudanças do nicho e crescimento astronômico dos últimos tempos, continue vigorando (por talvez não muito mais tempo) como kpop.
Kpop é compartimento e BTS, apesar de atingir uma grande porção juvenil: com crianças, pré-adolescentes, puberais e jovens-adultos; também o é. Atinge um posto franco de massa, todavia um conjunto (espacial, etário, midiático) muito singular.
A quantização, embora importante, é cargo diferente do qualitativo. Nesse espectro, a qualidade se põe às múltiplas atenções de público: os donos de casa, os trabalhadores, os estudantes, as crianças etc. Quanto mais porções atinge, mais próximo de ser derradeiramente popular, não uma especificidade pop de um local e expandido para um determinado intervalo etático por questões de diminuição geográfica da Terra por meio dos avanços da tecnologia de mobilidade e comunicação.
Parte 2. Visualizações fantasmas e o exercício zumbi da juventude na internet
Salvo do viés sensível frágil da colocação do grupo, é inevitável a atenção repercutida ser volumosa. A compleição numérica é verdadeiramente importante por definir expressividade na compreensão mercadológica do produto. Se a porção representativa é capaz de gerir a indústria, há autossuficiência que se desassocia da necessidade de interagir com os macro-agrupamentos populacionais que entendem a classificatória pop. Entretanto, é o mesmo pontapé para comparações significativamente injustas - desbalanceadas em narrativas de equiparação. O recorde das visualizações de 24 horas sobre Taylor Swift é um feito incrível, contudo ignorante de tendências culturais compressas pelo empório musical coreano.
A cultura de Streaming, não una ao kpop, no entanto particularmente associada às práticas do enroscar procedural, teve papel muitíssimo importante na conquista desse título, de guisa disforme ao episódio arquitetado por Taylor Swift.
Não se iluda com as constantes citações à ex-country, de atual protagonismo antagônico: o tópico tem a informar uma matriz comparativa ao invés de se posicionar à defesa da parte contrária. A construção do feito dela efetivou com o enlace de pequenas e infindáveis polêmicas ao redor de um vazio temporal notável de tempo de mídia. Foi uma volta com sabor de volta. Essa é a máxima pintura de ordem, em que as pessoas tinham um propósito para fazer parte da expectação do videoclipe: por que ela guardava mágoa, o que era essa reputação, quem era essa nova Taylor, por que a antiga Taylor estava morta. Katy Perry? Country? Pop? Nova imagem? Novo som? Queda e ascensão. Tudo isso compôs uma malha desenvolvida de publicidade em torno de Look What You Made Me Do, de 2017.
Há, é claro, um motivo de publicidade para BTS à mesma medida, só que sem muito grau de potência: existe a pergunta de como eles estão - e o porquê de estarem - crescendo e invadindo o espaço muito fechado da América do Norte. O imensurável do cálculo dorme sobre a ideia de onipresentes streamings e a elucidante - numa moda excêntrica - cultura vivamorta relapsa às brechas da linguagem online.
A facção de muitos ninguéns (sic) unidos em prol de títulos que tampouco esclarecem as vitórias mundiais de um grupo é o grande satirismo - um pouco ingênuo e um pouco estúpido - de uma causa econômica da edícula sem autorreconhecimento. Posto tudo isso, revejam as bandeiras hasteadas para agraciar o ego com o mártir de visualizações. Estão todos incrivelmente de parabéns por arrematarem as múltiplas, gigantescas, inescrupulosas visões do videoclipe no YouTube - artificialmente postas por vazios de olhares em centenas de abas abertas nos navegadores.
GUNHELMET
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