Representando o luxo silencioso, Love Poison traz elegância sem burburinho ou comoção
Enfim está migrando, de maneira esperada mas satisfatória, o som de HaSeul da new music para o bedroom pop: gêneros imersos em memória que encontraram devoção em criações do tipo faça-você-mesmo compartilhadas em fóruns e blogs juvenis. Junto aos outros singles de lançamento, sem nenhuma grande promessa de álbum ou clipe, Love Poison encontra seu sucesso pela voz carismática da cantora (deixem a garota cantar!) e perde precocemente seu entusiasmo por não ter grande dinâmica visual para acompanhar.
Essa crítica se torna pontual pela direta associação à breve carreira da cantora YUKIKA, projeto precedente de Jaden Jeong (diretor executivo da MODHAUS) muito bem quisto pelo público, que embarcou na nostalgia do city pop e se manteve no topo da nata por contrapor a sonoridade romântica com o movimento das cidades, tal qual o ritmo evoca em seu nome. Longe disso, HaSeul atende com visuais melancólicos que embora gabaritem a sonoridade elegante, solidifica o funcionamento maquinário da indústria musical sul-coreana em que projetos mais sensíveis são engolidos pelo não cumprimento dessa energia requerida.
Apesar dos questionamentos sobre a capacidade publicitária do projeto, é clara a consideração da equipe criativa sobre esses lançamentos pela preservação de sua estética. Do nosso lado como espectadores, devemos celebrar a continuidade das criações da MODHAUS dados os constantes imbróglios da jornada do LOONA e suas integrantes, e participar da busca por essa diferenciação do que se é esperado do kpop para que as rádios e clubes se antenem ao luxo discreto do art pop. Há muito para se explorar sem perder o traço de inovação, que, dado o caráter constrito de anunciação dessa carreira, não há força maior para motivar a experimentação de sons, com a torcida para o público capturar a sonoridade promissora construída com HaSeul.
<Love Poison> (2025)- HaSeul | MODHAUS
prós.: abre alas para uma transição estilosa entre gêneros musicais mais complexos para o catálogo de HaSeul enquanto se faz diferente das outras criações do bloco ARTMS. cons.: falta equilibrar o quão discreto é esse luxo a fim de que não se perca entre os móveis da sala.
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