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terça-feira, 25 de junho de 2024

Um mistério para o History Channel resolver, Cosmic é a dissociação do corpo com trilha musical de fundo

    Red Velvet teve tantos experimentos em tantos momentos e de tantas formas, com sucessos e prazeres variados, que qualquer intervenção, inovação ou retrocesso será um acerto. Todo e qualquer som pode ser Red Velvet e Cosmic reafirma isso. Agora, é só esse o mote que está em jogo?

    Em informações bastante conflituosas, o anúncio do 10º ano de estrada do grupo veio junto à participação do mesmo (em partes) no processo criativo por trás das imagens e ideias em torno do EP Cosmic. A contida entre-parênteses em partes na verdade é explodida por todos os lados ao que as integrantes, a esse ponto destemidas contra todas as forças ao redor, relataram as incongruências e as limitações dessa "participação criativa". Então, por onde se cria a crítica?

1. A capa

    Cosmic é envelopado por um aparato pobre e deslocado por cores pálidas e um sexto integrante na sala ignorado por todos senão o espectador. Essa introdução ao novo onírico talvez só funcionasse para este evento caso atrelado ao clipe que acompanha o álbum ou quando fora anunciada a adição da integrante Yeri ao grupo, em 2015. Naquela época, porém, não estaríamos engasgados pelo visual da pessoa de luz, que embora não seja novo tem estado redundante na mídia, com poucos ótimos destaques como as fotografias do álbum Romeo, de Sega Bodega e a aparição majestosa do clipe Birth, de ARTMS.

    Dessa vez as referências dominaram o visual. Red Velvet desde o início é um grupo elaborado por referências em belíssimos pastiches, colagens e montagens engatadas à solidez do conceito criado em torno de seu nome (Red para o divertido e camp; Velvet para o sedutor e noir). Mais uma vez, na repetição adequada deste blog, é assim que se comporta a direção criativa: trazendo a voga, a referência e a identidade em conformes únicos.

    A crítica sobre a capa (e juntamente às imagens promocionais) é, como toda crítica, um ponto de vista. Com olhos amorosos na pura intenção de defender o dedo criativo do Red Velvet neste trabalho, poderíamos dizer que a visão artística é caloura, mas está em sintonia com ótimas empresas do ramo como DIGIPEDI e Rigend Film; que traz um eixo exploratório pelo uso expansivo da cor rosa, subtraído em saturação e acentuado unicamente pelos pastéis em vez dos tons sóbrios ou vibrantes das coleções passadas.


    Resta então perguntar como esse maquinário está funcionando. A participação criativa das participantes é lógica e funcional, ao mesmo tempo em que é uma situação crítica na qual apenas o sucesso será avaliado. Com quase 10 anos nas costas desde o lançamento do single HappinessRed Velvet apesar de carregar um currículo imaculado pode simplesmente sumir nos ares feito um punhado de areia. O envolvimento criativo, mesmo que inicial e em formato de aprendizado, poderia ter se desenvolvido de muitas formas, enquanto num bate-rebate as notícias que temos são as de que não houve respeito pelas decisões criativas enunciadas. E se não houve e o resultado ainda é ruim, o limiar de autocrítica da empresa foi para o espaço?

2. O som
 
    Cosmic chegou atrasada. SM Entertainment usou e abusou dessas ideias e o ritmo já foi maravilhosamente explorado na indústria coreana em músicas como MAGO, de GFRIEND, não fazendo cócegas a nenhum ouvido que esperava uma descoberta química desse lançamento. É, todavia, muito bem feito, o sucesso que importa para uma música de quem está bem estabelecido.

    Continuando o rastro dos últimos lançamentos, principalmente o ilustríssimo Chill Kill – The 3rd Album, as vozes são individualmente bem elaboradas e todo mundo aparece em seu melhor som – não deixando de incorporar as harmonias gloriosas que sempre se destacaram no grupo. Talvez a grande vitória dos 10 anos de existência seja ter perdurado por todo o processo esquelético de apagamento ou dissociação de vozes que nunca fez sentido para um grupo tão pequeno (como é de praxe acontecer na cena japonesa, com formações de dezenas a centenas de membros) e com amplitudes tão diferenciadas.

    Todo o restante é encantador e é essa a síntese que conecta os pontos. O EP sem nenhuma grande introdução além do nome Cosmic e a capa questionável embala produtores e compositores da casa com seus sons já conhecidos, o que é um jeito bem apropriado de posicionar as coceiras criativas discutidas. Caso a imagem afaste o público familiarizado, o som os atrai de volta. No fim da rodada Red Velvet segue firme, em imensa potência e com cada vez, célula a célula, maior assinatura sobre o próprio processo criativo. Que venha (com felicidade!) outra década da formação.

 

Cosmic (2024) - Red Velvet | SM Entertainment
prós.: EP leve e coeso + uma sobremesa sonora!
cons.: visuais do disco desconectados com a obra, nem de longe um problema legítimo.
★★★4/5
👍

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