
Não se preocupe: o autor do blog não enlouqueceu e incorporou uma promoção das Casas Bahia - temos aqui as muitíssimas razões pelos quais o despontamento de SOHEE, o dualístico pedaço de couve do grupo ELRIS, tem definitivas qualidades... Que ao passo em que são inexploradas, erradicadas e sumidas numa incidência de singularidade vocal, é legitimamente o problema do lançamento.
Essa talvez seja uma das publicações mais concisas que aparecerão por aqui, porque não era um assunto que eu convenientemente me abriria para falar - de que não é muito da minha importância comentar cada solo e cada debute de qualquer coisa surgida por ali -, ao ponto de que minha mudança de mente se passou pelos comentários do Asian Junkie-nim (que cá e lá apareço com meu quebradíssimo inglês pra dar pitaco que ninguém liga) e as frequentes leituras aos outros charmosos blogs brasileiros sobre cultura pop oriental, feito Esquadrão Lunático, em comecei a notar uma crítica bastante peculiar - e a meu ver inconveniente à realidade - sobre o problema da canção de re-aparição (labelada de alguma forma como o surgimento da coisa) de SOHEE: Hurry Up (Feat. BOL4).
A música por si só não é problemática. Ela só não é, veja só: expressiva o suficiente para que consolide um marco na carreira de um indivíduo - que é exatamente o que a gente espera do primeiro registro comercial de uma musicista. Isso vem de dois específicos fatores composicionais da faixa: o pecado da não diferenciação dos filhos da mão criadora (ou o fantasma de Bolbbalgan4 (BOL4) assombrando toda a faixa, resultado da co-autoria da peça, em que temos o benefício da carta branca de não sermos severos pela inexperiência serviçal da dupla) e o modernismo necessário e repetitivo que desconfigura o espetáculo.
A competência, entretanto, deve ser analisada pela mesma métrica da equação, que é pôr em foco o duo das músicas de cafeteria e explicar o porquê da fórmula funcionar - e isso decepcionar com tamanha notoriedade os pensamentos acerca da canção: grandiosamente em qualquer música duvidosa de BOL4, o ápice de execução - essencialmente o trâmite de seu sucesso - está na voz singular da vocalista que compassa os todos desníveis presentes entre o arranjo estático, as letras odiosamente simples e a progressão rítmica contenciosa. Isso muito mascara grande parte da discografia e apreende também a complexidade introduzida em fazer côveres ou repetir o sucesso entre outros artistas (daquele jeito que torna plástico o diferencial do artista e muito provavelmente está cravada na invencibilidade de Bolbbalgan4 na indústria): a questão não engloba a capacidade vocal do condutor, mas no delivery que ele é capaz de proporcionar para individuar a música do resto.
Dessa maneira, no entanto de ser muito verossímil afirmar que não há muitas coisas acima do eficiente no acervo dessas meninas, o sucesso sincero e irredutível é justificado pelo protagonismo sentimentalista da voz que esmalta o conteúdo. É nisso que se especula a teoria de que a cantora Ailee, com seus quilométricos registros vocais, provavelmente não soltaria um cover lá muito agradável, enquanto o ratinho que toma banho. Go Won, elegantemente reconstrói as muralhas egípcias em seus 12 segundos da performance de Tell Me You Love Me (볼빨간사춘기).
Hurry Up, por conta disso, é um single bom, porém inespecífico para SOHEE cantar. Neste olhar, há muita maestria na garota em conseguir transformar a música em algo digestivo, alegre e carismático, de um tipo de solo parecido com o de Shannon (incrível e desapontante pelas mesmas sentenças, de um jeito oposto), lá por 2015.
A solução, incrivelmente ofensiva, estaria em desacelerar o bpm de forma que servisse como uma lupa na estética sonora, obrigando o espectador a dar um enfoque holístico no miolo da canção. A questão é que é uma produção moderna tende a criar ação (lúdica) por indução de fluxos de velocidade. A longo prazo, isso a aproxima de Ocean View, do YUSEOL (que é uma música divertida, não se engane), e se afasta da comparativa Hi High, de LOONA, ambas muitíssimo rápidas, mas com idealizações diferentes para essas velocidades.Em Hi High, pelo próprio espectro do gênero Hi-NRG, bastante complexo e vindo de um passado da disco, existe um propósito funcional da velocidade para reiterar um desbalanço filosófico na música (em que ao diminuí-la, toma para si um outro formato artístico, muito apreciativo de cada sintetizador), enquanto no outro lado temos o ritmo para funcioná-la como uma canção derivativa de danças, para festa. Talvez a velocidade para Hi High nem a torna dançante, em que cria uma certa ansiedade sonora que é diegeticamente competitiva com a estrutura lírica e necessária para ambientar a narrativa do complexo.
Hurry Up, portanto, requer uma desaceleração, não por apreciação de camadas: é, pois, necessária para tornar a música apreensível, em que o valor do esqueleto instrumental é diminuído e posto em segundo plano por ser tratado como uma espacialização ao vocal, não formulando simbiose. Esse tipo de música, como muitíssimo de grupos do JYPE, por exemplo, são aquelas que podem receber inúmeros remixes nos programas de fim de ano que o resultado será o mesmo. Se retornarmos à equiparação com Hi High, o remix não faz muito além de mal para a fórmula da melodia.
Outros signos da modernidade se instauram no refrão, vazio de mente e alma com seus "Na Na Na" (não The Knife-anos) inespecíficos. O que é detestável e não vale algum tipo de defesa é, no entanto, indispensável ao kpop, que precisa, a menos que você esteja conformado a mudar todos os valores legislativos da contemporaneidade, se manter nas lapelas do que está em voga. Com uma reflexão para o geral, no entanto, o refrão pastel-de-vento já não soa muito ofensivo, a voz continua trazendo seu poder de diversão e unicidade e a música, riam comigo, seria imensamente melhor e mais memorável que qualquer coisa de Bolbbalgan4, que sequer requereria aparecer ali como uma participação para elucidar ainda mais o que a empresa gostaria salientar com a canção.
A recapitulação traz todos os nossos sentimentos de desejar sorte para SOHEE, que merece o crédito por ser capaz de unir as tramas tragicamente mal costurados da colcha, que faz Hurry Up suficientemente quente para aquecer o resfriado mesmo sequer se comportando nos tecidos encorpados de que poderia ser. Um passo para a derrota na diferenciação da competição de solistas, que ao melhor das hipóteses nos serve para ser divertida ao fim do dia.
De olho, 👁👁
GUNHELMET
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